O que passa na cabeça de torcedores que, mesmo após a tragédia que vitimou o jovem Kevin Spada, se atreve a adentrar em um estádio de futebol munido de sinalizadores? Sou corinthiana, mas abomino veemente a atitude do grupo alvinegro presente na Vila Belmiro que, no transcorrer da partida, acendeu suas armas pirotécnicas e provocou a paralisação por minutos da final do Paulistão. Dois sinalizadores caíram no gramado e obrigou o auxiliar de retaguarda a correr para o gramado, para não ser atingido.
Não bastou a tragédia na Bolívia? O que pretendia a torcida? Demonstrar sua força e sua aversão à proibição de uso de sinalizadores em espaço público? Lamentável comportamento, que não pode passar impune pela Federação Paulista de Futebol. O clube tem de ser penalizado pelo mau comportamento desses torcedores. Se bem que eles não podem ser considerados torcedores. Cidadão de bem, que gosta de futebol, vai ao estádio para torcer, não para colocar os outros em situação de perigo.
Errou também a polícia, a fiscalização na Vila Belmiro. Faltou revista. Bem, a revista é bem porca. Quem quiser entrar com um revólver, entra numa boa, porque a revista existente é para inglês ver. O povo até entrou com quilos e quilos de sardinha, numa forma de tirar o sarro dos adversários. E ninguém viu? Acharam que era o quê: lanchinho do intervalo? Imagino o cheiro nas arquibancadas!
Por falar em sinalizador, que espero providências da FPF, a prisão dos 12 corinthianos na Bolívia até mais enrolada que novela de Glória Perez. Tem político visitando a família da vítima, dizendo-se representar o clube e negociando valores de indenização. Creio que o Corinthians não precisa de aproveitadores políticos para intermediar qualquer conversa com os pais de Kevin. O clube, precisa sim, de representatividade de peso para resolver a situação dos detidos. Até agora o inquérito não foi concluído, há 12 pessoas encarceradas e a Justiça boliviana demonstra não ter pressa para denunciar que é o responsável pela morte do garoto. Um menor foi ouvido em São Paulo e assumiu ter disparado o sinalizador. Portanto, ele é o autor do crime. Então, por que manter 12 presos? Já corre versão, na própria Bolívia, que não foi o sinalizador que matou Kevin Spada. Se isso for mesmo comprovado, como fica a delegada que está à frente das investigações (morosas, por sinal) e que briga por não liberar os detidos? O que está por trás desse imbróglio? Os Direitos Humanos têm sido omisso na defesa dessa gente, que tinha emprego, tem família a sustentar, uns estão doentes e todos, desamparados. Muitos, certamente, vão dizer bem feito, que mandou ir acompanhar o time, mas tanta gente faz isso, seja no futebol, em shows, em turnês de astros e estrelas e, nem por isso, merecem o tratamento dispensado. Imaginem a Justiça determinar a prisão de todos os espectadores que acompanharam a Virada Cultural por causa das mortes e roubos ocorridos durante o evento. É ilógica, irracional e incompreensível a atitude das autoridades bolivianas.
Enquanto o Brasil abriga condenados, mafiosos e ditadores, concedendo-lhes asilo político e ignorando pedidos de extradição, 12 filhos seus enfrentam maratona de desesperança e de abandono. Quando libertados, tomara seja breve, quem vai arcar com os prejuízos por eles sofridos enquanto estiveram presos. O Brasil tomará à frente dos processos de ação condenatória frente à justiça boliviana e de indenização? É o mínimo que deveria fazer. Afinal, Brasil, se és mãe gentil..., se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte..., não abandones seus filhos.